Impactos do Mioma na Saúde da Mulher.

Entrevista com Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro

O que você quer saber sobre mioma?

Você tem dúvidas sobre mioma? Gostaria de ter informações sobre questões como origem, sintomas, diagnóstico, tratamento? Então, nada melhor do que ler as informações do ginecologista Sergio Conti Ribeiro, dadas de forma clara, didática e detalhada, para esclarecer as mulheres sobre uma ocorrência que nada mais é do que um tumor não-canceroso do útero.

Quem tem mioma?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Esse tipo de tumor benigno não é hereditário, mas existe um componente familiar, o que justifica haver mulheres com mioma numa mesma família.

Fatores de risco para o surgimento do mioma

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Existem fatores que não são controláveis. Por exemplo, mulheres que têm primeira menstruação cedo, antes dos 10 anos, têm mais chance de ter mioma, cujo único alimento para crescer é o estrogênio, justamente o hormônio que as mulheres produzem a partir da primeira menstruação. E há mulheres que, durante a menopausa, têm falta desse hormônio e precisam de reposição. Então podem passar a ter sintomas de mioma que nunca tiveram. Ou seja, a reposição de estrogênio causa crescimento de mioma.

Você sabe quais são fatores de risco controláveis em miomas?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Controlar aumento de peso e cuidar da hipertensão ajuda na prevenção de miomas. A obesidade promove um aumento da produção periférica de estrogênio, principal promotor de crescimento dos miomas. Já a hipertensão arterial pode provocar alterações ou aumento de citocinas no músculo liso, promovendo o crescimento dos miomas.

Tipos de mioma

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Subseroso – localizado na parede ou superfície do útero e eventualmente pode pressionar órgãos adjacentes, como a bexiga ou o intestino. No primeiro caso, a paciente irá continuar a sentir vontade de urinar, mesmo logo após tê-lo feito. Ou perder urina quando tossir ou espirrar. Se a pressão do mioma for sobre o intestino, a mulher irá evacuar e continuar com vontade mesmo após a evacuação.

Submucoso – fica dentro do útero e é importante saber que pode levar à incapacidade de o embrião fecundado grudar na parede uterina. Ou seja, causa uma infertilidade, que pode, entretanto, ser revertida ao se retirar o mioma. Além disso, o mioma submucoso, mesmo que a mulher engravide, pode causar abortamento (dados mostram que é de 70% o risco de aborto numa grávida que tem esse tipo de mioma).

Quais são os sintomas?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

O principal sintoma é a alteração do fluxo menstrual. Ocorre um aumento da quantidade e duração das menstruações, podendo até ocorrer a perda do ritmo cíclico da menstruação. Normalmente, a mulher menstrua de 3 a 5 dias, a cada 27 – 30 dias. Conforme vai se agravando o sintoma relacionado ao mioma, a mulher pode chegar a menstruar 15 dias seguidos e, dependendo do mioma, pode ficar acamada, sangrando, o que é um tremendo prejuízo à qualidade de vida e ao seu cotidiano.

Como é feito o Diagnóstico?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Se o mioma for grande, o exame de toque vaginal, associado à história que a paciente conta, ajuda a direcionar o diagnóstico. Entretanto, sempre é necessário lançar mão de um exame de imagem, quer seja o ultrassom transvaginal ou a ressonância magnética, para confirmar a suspeita de mioma. Em alguns casos de miomas na porção mais interna, chamados de miomas submucosos, podemos realizar uma histeroscopia para fechar o diagnóstico.

Existe algum remédio para tratar o mioma?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Não existe nenhum tipo de medicação que provoque a dissolução do mioma. Mas há algumas opções de tratamento não-cirúrgico. Uma delas é utilizar uma medicação para bloquear o funcionamento dos ovários, responsável pela produção de estrogênio, principal combustível dos miomas. Como, na prática, o efeito é o mesmo que colocar a paciente na menopausa, esse bloqueio pode ser feito temporariamente, por no máximo seis meses. Em geral, isso pode ser uma estratégia para preparar melhor a paciente que será submetida a uma cirurgia.

Como saber se devo ou não retirar o útero?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Para uma decisão desse tipo, é essencial que a paciente converse com seu médico ginecologista. E deve ser uma conversa muito sincera, baseada em dados objetivos e na confiança no médico. Nesse contato, o divisor de águas para a decisão é a pergunta que o médico fará à paciente: Você quer ter filhos? Se a resposta for “sim”, então será preciso retirar o mioma e preservar o útero.

E mulheres que não desejam ter mais filhos?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Nos casos de mulheres que não querem ter filhos, a via seria retirada do útero (processo chamado de histerectomia). Mas existem pacientes que não desejam essa retirada e há nesses casos um componente cultural, principalmente na América Latina, em que se chega a afirmar que o útero “é o segundo coração da mulher”. Portanto, o médico tem de ter alternativas para oferecer nesse tipo de situação.

Como é a Cirurgia de retirada do mioma?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Denominado de miomectomia, o procedimento pode ser feito de três formas:

  • via laparoscópica (menos agressiva);
  • via histeroscópica (para miomas submucosos);
  • via abdominal (laparotomia), que envolve corte da área do abdômen

O que ocupa o lugar do útero?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Por mais que seja uma preocupação da mulher, a retirada do útero não a deixa “oca” ou provoca um vazio interno, pois as alças intestinais e a bexiga se acomodam e ocupam o espaço.

Como ficará  minha vagina após a cirurgia?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

A vagina não irá sofrer nenhuma modificação se o útero for retirado com cuidado e for respeitado o correto período de cicatrização.

Minha Bexiga ou vagina vão cair?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Não há mudança da posição se for feito da forma adequada.

Como ficam os hormônios após a cirurgia?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Na retirada do ovário (ofoorectomia) junto com a do útero (histerectomia), pode-se dizer que os hormônios vão do “tudo para o nada”. Mas, se a paciente já estiver na menopausa, os ovários já não estão mais funcionando, então os hormônios vão do “nada para o nada”. Isso significa dizer que se deve evitar a retirada de ofoorectomia em mulheres que tenham ovário funcionando adequadamente. Mas se  a retirada for feita, é preciso fazer reposição de hormônios após 15 dias da cirurgia. Há algumas maneiras de fazer essa reposição. Entre elas, por via oral, implante, adesivo ou gel. 

As vias não orais são as mais vantajosas, porque não têm a passagem hepática, ou seja, não passam pelo fígado, portanto há menos efeitos colaterais.  Mas se a paciente não tem problemas hepáticos, a via oral é uma boa alternativa.

É possível engravidar após uma miectomia?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Sim! Aliás, a grande indicação para miomectomia é justamente o desejo atual ou futuro de gestação! Muitas vezes, dependendo da localização, o mioma pode até estar atrapalhando o processo e a sua remoção facilitará a gestação.

Como fica o sexo após a retirada do útero?

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Recomendamos abstinência de relações sexuais com penetração vaginal por 45 a 60 dias após a histerectomia. Depois desse período, tudo voltará ao normal. Aliás, aquelas pacientes que tinham hemorragia e dor antes da cirurgia estarão ainda melhores após a histerectomia.

Cisto e mioma não são a mesma coisa

Prof. Dr. Sérgio Conti Ribeiro:

Tumor cístico é no ovário. Mioma é no útero. Cisto pode ser de vários tipos. Mioma é comum ser encontrado a partir da terceira década de vida, até a quinta ou sexta década. Cisto de ovário, qualquer idade. Cisto maligno, mais para a frente.

Prof. Doutor Sérgio Conti Ribeiro

 

Graduação Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

Residência médica em Ginecologia e Obstetrícia Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

Doutorado em Medicina (Obstetrícia e Ginecologia) pela Universidade de São Paulo (FMUSP)

Cursos de especialização nos Estados Unidos, com ênfase em Cirurgia Videolaparoscópica e Cirurgia Robótica.

Médico Chefe do Setor de Laparoscopia Ginecológica  da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

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DR. SERGIO CONTI RIBEIRO

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